domingo, 20 de maio de 2007

ASSIM VAI A GUERRA CIVIL NO RIO...

19/5/2007 22:48:00
JORNAL O DIA - RJ
Isolamento para 430 mil - Mario Hugo Monken

Barricadas erguidas pelo tráfico de drogas e milícias para evitar a chegada da polícia deixam moradores de 23 favelas sem direito a serviços, como remoção de lixo e fornecimento de luz
Para proteger seu esconderijo e facilitar fuga durante operações policiais, o chefe do tráfico na Favela Barreira do Vasco, em São Cristóvão, Marcelo Araújo de Souza, o Cobra, 35 anos, instalou dois portões de aço em um dos becos da comunidade. A exclusão se repete em pelo menos outras 22 favelas da capital, onde a polícia já flagrou este ano e tem informações da existência de ruas fechadas por barricadas colocadas por traficantes e milicianos. Restrições dos bandidos isolam cerca de 430 mil moradores da vida legal e limitam prestação de serviços básicos, como remoção de lixo e entrega de correspondência.
Os portões na Barreira do Vasco existem desde o ano passado. As pessoas que moram no trecho de cerca de 60 metros entre os dois portões possuem chaves. Os próprios moradores apóiam a medida e já impediram que PMs os retirassem. No trecho entre os dois, fica a fortaleza de Cobra: casa de quatro andares onde mora tia do bandido e onde ele costuma passar os fins de semana com a mulher e filhos.
Apesar dos obstáculos, operação do 4º BPM (São Cristóvão), ontem, resultou na morte de um bandido. Com ele estavam pistola e 500 embalagens com droga.
Instalar barricadas é prática antiga do tráfico, mas se sofisticou. No início, os bandidos obstruíam ruas com lixo, troncos, quebra-molas e móveis velhos. Só nos complexos do Alemão e da Penha foram retiradas desde o início do mês 160 toneladas de lixo e entulho usados em barreiras.
Além de instalar portões de aço, muros e blocos de concreto, criminosos jogam óleo no asfalto, como nas últimas semanas no Complexo do Alemão. Os bandidos montaram barreira com cerca de 20 botijões de gás para serem explodidos em confronto com a polícia.
Na Favela de Manguinhos, duas barricadas com entulho são visíveis da Avenida dos Democráticos. Na vizinha comunidade da Mandela, há quatro barreiras com blocos de concreto e trilhos de trem.
No Dique, em Jardim América, os bandidos instalaram pequenos quebra-molas com distância de apenas um metro um do outro. Em outras favelas como a Camarista Méier, Jacarezinho, Complexo do Lins, Muquiço, Pedreira e Cajueiro, a polícia tem informações sobre barreiras montadas com troncos de árvores, lixo e pedaços de carros velhos. Na Mangueira, criminosos usam veículos queimados.

Nenhum comentário:

Postar um comentário