VEJA
08-03-2014
Rio
de Janeiro
Cadê
o (dinheiro do) Amarildo?
Instituto
de Defesa dos Direitos Humanos (DDH) ficou com quase 80% do que foi arrecadado
em campanha para a família do pedreiro. Viúva e cinco dos seis filhos moram em
uma casa de dois quartos que precisa de reformas
Desde julho do
ano passado, o pedreiro Amarildo Dias de Souza é o símbolo máximo da luta
contra a ação de maus policiais no Rio de Janeiro. O "Cadê o
Amarildo?" foi usado tanto para cobrar providências como para embalar a
série de manifestações contra o governador Sérgio Cabral. O corpo do homem de
43 anos que, para o Ministério Público, foi torturado e morto por PMs de uma
Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), nunca foi encontrado. A família do
pedreiro passou a viver, depois de seu desaparecimento, num quadro agravado da
pobreza na qual já se encontrava. Uma bem intencionada campanha conclamou
artistas, intelectuais e doadores a contribuir com a viúva e os seis filhos do
pedreiro. O “Somos Todos Amarildo” deu resultado. Comandado pela empresária e
produtora Paula Lavigne, o projeto arrecadou 310.000 reais em dois eventos: um
leilão de arte e objetos de famosos e um show no Circo Voador, com participação
de Caetano Veloso e Marisa Monte. A família do pedreiro, no entanto, ficou com
a menor parte: com a compra de uma casa e de mobília, foram gastos,
respectivamente, 50.000 e 10.000 reais. O restante do dinheiro – 250.000 reais
– ficou com o Instituto de Defesa dos Direitos Humanos (DDH), ONG que se tornou
notória por defender black blocs e tem, entre seus diretores, um assessor do
deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL), o advogado Thiago de Souza Melo.
Um dos
organizadores do evento, que pede para não ser identificado, afirmou ao site de
VEJA que, desde o início, a família sabia que não ficaria com o montante total
do dinheiro – apesar de o uso do nome do pedreiro dar a entender que o valor
seria destinado a ela. Mas foi informada, na ocasião, que ficaria com metade –
o que, nos valores de fato arrecadados, corresponderia a 155.000 reais.
“Soubemos na época que ficaríamos com metade. Como recebemos 60.000, eu pensava
que o total era de 120.000”, diz Anderson Dias, de 21 anos, o primogênito, que
administra, com a mãe, Elizabeth, as contas da família.
Moram na casa,
além dos dois, os filhos Amarildo, de 18 anos; Beatriz, 13; Alisson, 10; e
Milena, 6. Todos em uma casa de dois quartos, sala, cozinha e banheiro. Só um
dos filhos de Amarildo – Emerson, de 20 anos – não vive no imóvel. A área de
serviço – que não tem janela – está sendo adaptada para servir como dormitório.
Segundo Anderson, a casa que a família recebeu é uma construção antiga, com
defeitos na rede elétrica e na parte hidráulica. Devido aos problemas
encontrados, os filhos procuraram o advogado João Tancredo, presidente do DDH,
para saber sobre a possibilidade de uma reforma. “Fiz um orçamento no valor de
45.000 reais. Mas Tancredo me disse que não tinha mais dinheiro", afirma.
Os 10.000 reais
que a família recebeu para comprar os móveis para a casa também não foram
suficientes. Elizabeth não conseguiu comprar mesa, cadeiras e fogão. "Fiz
uma lista com o que era indispensável, mas tive que cortar muita coisa. Não deu
nem para comprar o fogão. Pedi a minha cunhada para usar o cartão dela e vou
pagando aos poucos", conta Elizabeth. "Não tive coragem de pedir mais
dinheiro, porque achei que a outra parte seria destinada a outras pessoas
pobres. Mas vou conversar sobre isso com o advogado".
O presidente do
DDH afirma que o acordo previa o repasse para a entidade de aproximadamente
250.000 reais obtidos com o leilão e o show. "Inicialmente, o projeto se
resumiria a arrecadar fundos para a aquisição de uma casa em condições
adequadas para a família de Amarildo. Mas logo se viu que seu desaparecimento
não era um caso isolado", explicou Tancredo, por e-mail, ao site de VEJA.
Segundo ele, os recursos serão aplicados em um “projeto ainda indefinido”. As
opções aventadas pela ONG envolvem o custeio de uma pesquisa para traçar o
perfil dos desaparecidos, um serviço de atendimento de familiares de
desaparecidos, o acompanhamento jurídico de casos do tipo ou a formação de uma
rede para debater o tema. É dificil acreditar que quem contribuiu com o “Somos
Todos Amarildo” desejava que seu dinheiro tivesse esse destino incerto. O cheiro de oportunismo é fortíssimo.
NOTA : QUANDO CHEIRA A DINHEIRO, TUDO VALE !
JÁ NÃO BASTAVA O DESAPARECIMENTO DE UM CIDADÃO, NUNCA EXPLICADO PELOS SEUS SEQUESTRADORES ( POLICIAS MILITARES ), SENÃO AGORA, À CUSTA DA FAMÍLIA E DA MEMÓRIA DESSE CIDADÃO, MEIA DUZIA DE PESSOAS E DE ORGANIZAÇÕES, A FAZEREM O SEU "PÉ DE MEIA ".
O ARTICULISTA DA VEJA, É DELICADÍSSIMO QUANDO DIZ APENAS QUE, " O CHEIRO DE OPORTUNISMO É FORTÍSSIMO " !
PARA BOM ENTENDEDOR . . .