A GUERRA CIVIL CARIOCA
A torre armada do tráfico
Posicionada em ponto
estratégico do Complexo
da Penha, casa de quatro
andares de traficante era
usada para monitorar os
passos de policiais,
recebidos com chuva
de balas
Leslie Leitão
Leslie Leitão
Eram quase 16h quando agentes da Delegacia de Repressão a Armas e Explosivos (Drae) e do Serviço Reservado do 16º BPM (Olaria) entraram no Morro do Caracol. Intensos tiroteios se espalharam por quase todo o Complexo da Penha e, até aquele momento, ninguém conseguira chegar a um dos principais objetivos da operação iniciada havia mais de seis horas. É justamente a dificuldade de acesso à localidade conhecida como Mirante que tem garantido a liberdade de um dos chefes do tráfico local, Paulo Rogério de Souza Paz, o Mica.
Ao lado do Caracol fica o Morro da Chatuba e em frente a Favela Vila Cruzeiro. A principal via de acesso, a Rua do Cajá, levou os cerca de 40 policiais a um vale praticamente sem abrigo.
“Aqui é um lugar onde ficamos numa situação que chamamos de tiro ao pato. E o pior é que, nesse caso, os patos somos nós”, explica um policial militar, que há mais de uma década trabalha na área.
O local é apontado por quem trabalha ali como um dos mais complicados para operações. “Não há como chegar aqui apenas de viatura. Sem o blindado é impossível combater o tráfico na área da Chatuba e da Vila Cruzeiro. Ficamos muito vulneráveis e os tiros vêm de todos os lados”, conta o oficial.
É assim que, de sua confortável casa de quatro andares, vasculhada pelos policiais na quarta-feira, Mica, ainda foragido, controla cada passo da polícia. A janela do quarto do bandido, no terceiro andar, fica praticamente em frente a uma das subidas do Caracol, a Rua Taperoá — ponto escolhido para uma das várias barricada, com trilhos e concreto.
Diferentemente do Complexo do Alemão, entretanto, os trilhos no Caracol servem apenas como primeiro obstáculo. “É complicado você descer do blindado ali, porque quem sai para tentar retirar os trilhos fica exposto aos tiros que vêm da base deles”, completa o policial.
A melhor opção é subir a pé. Até a casa do chefe do tráfico são pelo menos 25 minutos de caminhada e centenas de degraus de escada. “Tudo debaixo de bala”, diz.
A incursão dos policiais da Drae e do 16º BPM, na quarta-feira, aconteceu pela Rua Maragogi. Nela havia outra barreira, composta pelos habituais pedaços de concreto e trilhos, mas com um pouco mais de cimento e até uma esteira de pregos, de quase dois metros.
Num outro acesso, por onde o blindado também não conseguiu entrar, o tráfico apresentou uma novidade. Além de usar um carro (um Polo preto roubado), os bandidos encheram o veículo de concreto para formar uma barreira.
Um dos primeiros monitoramentos da quadrilha é feito de uma espécie de torre, localizada próximo à Rua Interna 3, onde fica a casa de Mica, já quase no acesso à mata. Lá, nem o blindado consegue chegar, pois a rua é muito estreita.
A construção foi feita para que no máximo veículos de médio porte conseguissem transitar. “Se tentar passar com o blindado ali corre o risco de cair na ribanceira”, explica um agente da Polícia Civil.
As estatísticas sangrentas na Rua do Cajá indicam a situação de risco vivida por policiais e moradores diariamente. Em 30 de maio, o blindado do Batalhão de Choque enguiçou no local e só foi resgatado sete horas depois, sob intenso tiroteio. Um homem acabou ferido. No dia 22 de outubro, dois motoqueiros foram mortos num confronto com a PM. “Em qualquer ponto dali já estamos correndo risco de morrer dentro da viatura”, afirma outro oficial do 16º BPM.
Além de toda a dificuldade de acesso à casa do traficante Mica, o vazamento de informações, mais uma vez, atrapalhou os planos da polícia. Nesta operação, os agentes também estiveram na casa do traficante Naíba, da Cidade de Deus, e de Da Lua, do vizinho Morro da Fé.
“Além de toda a tática de guerrilha adotada pelos traficantes, ainda temos de enfrentar os ‘traidores’ que colocam nossas vidas em risco em cada operação”, reclama um agente da Drae que participou da ação.
Ao lado do Caracol fica o Morro da Chatuba e em frente a Favela Vila Cruzeiro. A principal via de acesso, a Rua do Cajá, levou os cerca de 40 policiais a um vale praticamente sem abrigo.
“Aqui é um lugar onde ficamos numa situação que chamamos de tiro ao pato. E o pior é que, nesse caso, os patos somos nós”, explica um policial militar, que há mais de uma década trabalha na área.
O local é apontado por quem trabalha ali como um dos mais complicados para operações. “Não há como chegar aqui apenas de viatura. Sem o blindado é impossível combater o tráfico na área da Chatuba e da Vila Cruzeiro. Ficamos muito vulneráveis e os tiros vêm de todos os lados”, conta o oficial.
É assim que, de sua confortável casa de quatro andares, vasculhada pelos policiais na quarta-feira, Mica, ainda foragido, controla cada passo da polícia. A janela do quarto do bandido, no terceiro andar, fica praticamente em frente a uma das subidas do Caracol, a Rua Taperoá — ponto escolhido para uma das várias barricada, com trilhos e concreto.
Diferentemente do Complexo do Alemão, entretanto, os trilhos no Caracol servem apenas como primeiro obstáculo. “É complicado você descer do blindado ali, porque quem sai para tentar retirar os trilhos fica exposto aos tiros que vêm da base deles”, completa o policial.
A melhor opção é subir a pé. Até a casa do chefe do tráfico são pelo menos 25 minutos de caminhada e centenas de degraus de escada. “Tudo debaixo de bala”, diz.
A incursão dos policiais da Drae e do 16º BPM, na quarta-feira, aconteceu pela Rua Maragogi. Nela havia outra barreira, composta pelos habituais pedaços de concreto e trilhos, mas com um pouco mais de cimento e até uma esteira de pregos, de quase dois metros.
Num outro acesso, por onde o blindado também não conseguiu entrar, o tráfico apresentou uma novidade. Além de usar um carro (um Polo preto roubado), os bandidos encheram o veículo de concreto para formar uma barreira.
Um dos primeiros monitoramentos da quadrilha é feito de uma espécie de torre, localizada próximo à Rua Interna 3, onde fica a casa de Mica, já quase no acesso à mata. Lá, nem o blindado consegue chegar, pois a rua é muito estreita.
A construção foi feita para que no máximo veículos de médio porte conseguissem transitar. “Se tentar passar com o blindado ali corre o risco de cair na ribanceira”, explica um agente da Polícia Civil.
As estatísticas sangrentas na Rua do Cajá indicam a situação de risco vivida por policiais e moradores diariamente. Em 30 de maio, o blindado do Batalhão de Choque enguiçou no local e só foi resgatado sete horas depois, sob intenso tiroteio. Um homem acabou ferido. No dia 22 de outubro, dois motoqueiros foram mortos num confronto com a PM. “Em qualquer ponto dali já estamos correndo risco de morrer dentro da viatura”, afirma outro oficial do 16º BPM.
Além de toda a dificuldade de acesso à casa do traficante Mica, o vazamento de informações, mais uma vez, atrapalhou os planos da polícia. Nesta operação, os agentes também estiveram na casa do traficante Naíba, da Cidade de Deus, e de Da Lua, do vizinho Morro da Fé.
“Além de toda a tática de guerrilha adotada pelos traficantes, ainda temos de enfrentar os ‘traidores’ que colocam nossas vidas em risco em cada operação”, reclama um agente da Drae que participou da ação.
NOTA : AO LER AS AFIRMAÇÕES DOS INTERVENIENTES NAS ACÇÕES CONTRA A BANDIDAGEM, FICA-SE COM A SENSAÇÃO DE ESTAR A LER AS MEMÓRIAS DE GUERRA DE ALGUM COMBATENTE NO IRAQUE OU AFEGANISTÃO . . .
MAS NÃO É ! . . . ISTO PASSA-SE NO RIO DE JANEIRO !
O TIPO DE ACÇÕES, O TIPO DE ARMAMENTO, O PODER DE FOGO DESTA GENTE, JUSTIFICA, QUE SE DEIXE DE OLHAR PARA O CRIME ORGANIZADO NO SUBÚRBIO CARIOCA, COMO UM SIMPLES FOCO DE MARGINALIDADE E CRIMINALIDADE URBANA !
ISTO, É UMA GUERRA CIVIL ! . . .
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