A VERDADE TEM DE SER DITA !
DIÁRIO DE
NOTÍCIAS
LISBOA
21-02-2009
Lula é excepção
à nova moda na
América do Sul
Quando Evo Morales assinala que chegou ao Palácio Presidencial da Bolívia para lá se manter toda a vida, quando Fernando Lugo, Presidente da República do Paraguai, afirma que se a maioria da população assim o entender e as leis o permitirem aspirará à reeleição ou quando Hugo Chávez impõe a votação de uma emenda constitucional para ser reeleito até se cansar, não estão apenas a expressar pontos de vista individuais, e portanto discutíveis, mas também estão a começar a dar passos irreversíveis rumo ao autoritarismo.
A democracia é a expressão da vontade popular, como sustentam acertamente estes e outros dirigentes políticos sul-americanos, mas implica também a vigência plena de regras do jogo claras, que impeçam a entronização dos eleitos e um uso ilegítimo do poder político.
Não há nada pior para as democracias latino-americanas do que a chegada ao Governo de homens (ou mulheres) que se julgam predestinados.
A isto há a acrescentar a diferença que se estabelece entre Governo e poder.
Com o Governo apenas se pode governar, e pouco, dadas as inúmeras condicionantes estabelecidas pelos mais diversos grupos de pressão numa determinada sociedade. Para produzir resultados, para mudar a sociedade, é necessário conquistar o poder, ou construir o poder, na novíssima acepção do ex-presidente argentino, Néstor Kirchner.
É tal o desprezo pelas leis vigentes que a alteração das regras do jogo a meio da partida foi sendo considerado um acto normal na América do Sul durante os últimos 20 anos.
No início da década de 90, o então presidente argentino Carlos Menem teve a genial ideia de alterar a Constituição para permitir a reeleição presidencial consecutiva durante dois mandatos. Menem jogou então forte e ganhou.
O seu exemplo não se tornou apenas património dos peronistas e populistas. Um político livre de tais suspeitas, como o brasileiro Fernando Henrique Cardoso, modificou a Constituição para poder ser reeleito.
Algo semelhante ocorreu com Álvaro Uribe, na Colômbia.Não se discute aqui a validade nem os méritos da reeleição. O que se questiona é o escasso respeito pelas normas.
A única excepção digna de registo é a do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que podendo ter modificado a Constituição para conseguir um terceiro mandato consecutivo no Palácio da Alvorada, devido ao grande apoio popular de que goza no Brasil, resistiu a fazê-lo.
NOTA : BOLÍVIA, PARAGUAI, VENEZUELA, ARGENTINA E COLÔMBIA, FORAM OS MAUS EXEMPLOS DA DEMOCRACIA, QUE LULA NÃO COPIOU.
COM O APOIO POPULAR QUE AS SONDAGENS DE OPINIÃO LHE PARECEM ATRIBUIR, SER-LHE-IA FÁCIL, FUNDAMENTAR COM ESSE ARGUMENTO, A TENTATIVA DE ALTERAÇÃO CONSTITUCIONAL PARA SE REELEGER.
RESISTIU A ISSO, COISA QUE FERNANDO HENRIQUE NÃO FEZ !
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