A RAPOSA A GUARDAR O GALINHEIRO . . .
“
ÉPOCA “
16/03/2012
Tribunal que virou caso de polícia
Responsável por fiscalizar as contas do governo
fluminense, o TCE do Rio é investigado por distribuir uma verba secreta e
manter servidores fantasmas
HUDSON
CORRÊA
O Tribunal de
Contas do Estado do Rio de Janeiro tem contas a prestar ao Brasil. Os R$ 15
bilhões destinados pelo governo fluminense à organização da Olimpíada de 2016 –
evento que visa vender o Brasil ao mundo – precisam ser fiscalizados por seus
sete conselheiros. Outros R$ 60 bilhões gastos anualmente pelo governo do Rio
são fiscalizados por essa equipe, que não trabalha sozinha. Ao todo, o órgão
conta com 1.600 funcionários. Cada um
dos sete conselheiros conta ainda com 20 funcionários de confiança. Vinte. Para
cada um deles. Espera-se que desse mundo saiam, regularmente, detalhes sobre
como esses funcionários públicos operam e aplicam seus recursos. Mas foi nesse
mesmo mundo que a Procuradoria-Geral da República identificou um mar de
suspeitas de irregularidades, incluindo o uso de verbas ilegais sem verificação
alguma. O TCE do Rio virou um caso de polícia.
Em 7 de dezembro
passado, um grupo de policiais federais foi à sede do Tribunal, no centro do
Rio. A operação foi realizada sob ordens do Superior Tribunal de Justiça (STJ)
e tinha alvo certo: um banco de dados com informações sobre funcionários e a
folha de pagamentos. Duas semanas antes das buscas, a Procuradoria da República
denunciara ao STJ quatro dos sete conselheiros do Tribunal – o atual presidente, Jonas Lopes de
Carvalho Junior, o vice, Aluisio Gama de Souza, o ex-presidente José Gomes
Graciosa e Julio Lambertson Rabello – por empregar funcionários irregulares e
“fantasmas”. Documentos obtidos por ÉPOCA revelam agora que o escândalo é ainda
maior. Os conselheiros são investigados por enriquecimento ilícito. Segundo a
procuradoria, eles têm embolsado ao longo dos últimos anos uma “verba secreta”
distribuída sem critério ou fiscalização. Mais precisamente, R$ 4 milhões por
ano. E não há nada no Diário Oficial ou no boletim interno do TCE-RJ que
explique para onde vai essa dinheirama. Cada um dos sete conselheiros do
Tribunal gasta R$ 48.374,88 por mês sem dar satisfação à sociedade. Nem um
muito obrigado.
A
Procuradoria da República batizou a despesa milionária de “verba secreta” e diz
que ela é ilegal. A verba foi criada em junho de 1992. À época,
equivalia a R$ 4 mil por mês. Foi sendo reajustada ao longo dos anos até chegar
aos mais de R$ 48 mil – o dobro do salário de um conselheiro fluminense. Essa quantia, segundo o TCE-RJ, é distribuída entre
os funcionários que tiverem melhor desempenho em suas funções, como
gratificação, mas sem critérios predefinidos. Cada gabinete manda à presidência
do Tribunal, segundo o TCE, uma lista com o nome dos servidores contemplados no
mês. E pronto. Segundo a assessoria do TCE-RJ, a inspiração para o benefício
foi uma lei do então governador Moreira Franco (1987-1991). A tal lei, no
entanto, previa gratificação para funcionários da Casa Civil do governo
estadual. “Você não pode aumentar o orçamento de um órgão ligado ao Legislativo
com base numa lei feita para o Executivo”, diz Claudio Pinho, professor de
Direito Constitucional e membro do Instituto dos Advogados Brasileiros. A
Procuradoria da República ficou ainda menos convencida com a explicação e busca
obter pistas sobre o real destino da verba secreta. “Ela pode constituir mais
um artifício para enriquecimento ilícito (dos conselheiros)”, afirma o
subprocurador-geral da República Carlos Eduardo de Oliveira Vasconcelos. A
suspeita é que o dinheiro seja desviado para o bolso dos próprios conselheiros,
enquanto funcionários, usados como laranjas, aparecem como beneficiários. Os
conselheiros negam qualquer ilegalidade e dizem que as acusações são um
equívoco da Procuradoria da República. Entre os sete integrantes do
Tribunal, apenas José Maurício de Lima Nolasco abriu mão da verba secreta,
embora já a tenha usado. Quando presidia o Tribunal em 2010, Nolasco propôs a
extinção da gratificação, que já era investigada. Houve ensaio de revolta entre
os conselheiros, e tudo continuou como estava.
NOTA : E É ESTA GENTE DESIGNADA PARA VELAR PELO BOM USO DO DINHEIRO PÚBLICO !...
DEPOIS DISTO, CONFIAR EM QUEM ?
E NINGUÉM É PRESO ?
AINDA CONTINUAM NOS SEUS POSTOS ?
POR MAIS QUANTO TEMPO ?
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