É POR ESTAS E POR OUTRAS . . .
REVISTA ÉPOCA
19/10/2012 22h46
A saúde pede
socorro
Um motorista denuncia que, em João
Pessoa, ambulâncias são usadas para desviar verbas federais, transportar armas
e até traficar drogas
FELIPE PATURY E IGOR PAULIN, DE JOÃO PESSOA
O Serviço de
Atendimento Móvel de Urgência (Samu) é a linha de frente da saúde pública desde
2003, quando suas ambulâncias começaram a ser distribuídas pelo país. Ainda
hoje, a maioria das cidades não dispõe delas em número suficiente. Também são
frequentes as denúncias de que elas estão em más condições ou sucateadas. O
milhão de pessoas que vivem na região metropolitana de João Pessoa, na Paraíba,
dispõe de apenas 16 ambulâncias. Lá, as denúncias envolvem crimes, e não apenas
o mau estado dos veículos. Desde o
início de agosto, a Polícia Federal (PF) investiga um esquema de venda de
plantões disseminado entre os funcionários do Samu da capital paraibana.
Segundo as denúncias, eles fazem escalas mensais de dez plantões e recebem por
25. Uma pequena parte do dinheiro, o equivalente a cinco turnos, fica com o
funcionário. O restante vai para seus chefes. “É desvio de verbas”, diz o
delegado federal Felipe Alcântara, responsável pelo caso.
A apuração
começou depois que um dos motoristas socorristas denunciou os crimes. Valdemir
Santos Evaristo, de 34 anos, relatou que, no início de 2011, foi convidado a
participar da quadrilha por seu então superior imediato, José Leonardo Alves,
um ex-policial militar. No mesmo dia, Evaristo diz que foi procurado pelo coordenador
administrativo do Samu de João Pessoa, Gilmore Lins. À PF, Evaristo declarou
que Gilmore sugeriu que ele pedisse transferência para o Samu de outro
município. Novamente, Evaristo não concordou. “Recusei, e minha vida virou o
inferno”, diz. Em seguida, começou a receber ameaças. Em março, resolveu contar
tudo o que sabia à secretária municipal de Saúde, Roseana Meira. Para provar
que dizia a verdade, levou duas testemunhas, uma técnica de enfermagem e uma
telefonista do Samu. Roseana ouviu e pediu provas materiais.
Dias depois,
Evaristo voltou com documentos com evidências de que seus colegas haviam
fraudado as escalas de plantão. Nessa conversa, deu mais detalhes da fraude e
dos desmandos ocorridos no Samu. Segundo
Evaristo, muitos chamados de socorro da população deixavam de ser atendidos
porque as equipes estavam de plantão só no papel. Recebiam como se tivessem
trabalhado, mas não estavam lá quando ocorriam as emergências. Outras vezes, os
doentes deixavam de ser resgatados porque as ambulâncias eram usadas para fins
particulares, como para levar os filhos dos funcionários à escola ou fazer
compras.
Os delitos e
irregularidades presenciados por Evaristo, pela técnica de enfermagem e pela
telefonista não se restringiam ao superfaturamento de plantões. Eles relataram que as ambulâncias do
Samu também eram usadas para traficar armas e drogas. “Isso era feito de noite
e nos fins de semana. A gente via os carregamentos de pistolas e revólveres
três ou quatro vezes por mês. Era tudo novinho. A droga era uma coisa mais
escondida. No prazo de um ano, só vi oito ou dez vezes”, disse Evaristo a
ÉPOCA. Segundo ele, os carregamentos incluíam tabletes de maconha, trouxas de
cocaína e pedras de crack. Evaristo diz não saber que destino era dado às armas
ou às drogas.
Depois que
Evaristo e suas testemunhas fizeram o relato à secretária Roseana Meira, José
Leonardo Alves e outros dois envolvidos foram afastados de suas funções. As
punições não interromperam as ameaças. “Falei com a doutora Roseana pensando
que recobraria minha vida, mas o que aconteceu foi o contrário”, afirma. De
acordo com o relato de Evaristo, em junho, a casa dele foi invadida, e sua
mulher agredida. Na central do Samu de João Pessoa, diz ele, um soldado dos
Bombeiros tentou agredi-lo e jurou matá-lo. Acabou contido pelos colegas. Um
colega de Samu entrou armado numa das bases das ambulâncias à procura de
Evaristo, que não estava de plantão naquele momento. Ele diz que dias depois
foi emboscado por dois homens numa motocicleta. O carona atirou em seu carro.
Apavorado,
Evaristo resolveu se esconder no interior pernambucano. Achou que estaria mais
protegido se sua história fosse pública e estivesse nas mãos das autoridades.
Por isso, gravou dois vídeos em que relata os crimes que presenciou e as
ameaças que sofreu. Os depoimentos foram colhidos pelo dono de uma produtora de
um amigo de Evaristo. Deu cópias a um amigo, ao produtor e ficou com outra (assista ao vídeo ao lado). Em seguida,
Evaristo seguiu a recomendação de um advogado e depôs à PF. A notícia crime
registrada pelo delegado Felipe Alcântara é farta em detalhes sobre a venda de
plantões. Traz o nome de José
Leonardo Alves e de outros quatro acusados por Evaristo, além de quatro
testemunhas. Além da técnica de enfermagem e da telefonista que o acompanharam
no depoimento à secretária de Saúde, estão relacionados outro técnico de
enfermagem e um sargento da Polícia Militar da Paraíba, ex-funcionário do Samu.
O delegado
Alcântara considera a denúncia sobre o desvio de verbas públicas suficiente
para embasar um inquérito. Para ele, as acusações sobre o superfaturamento de
plantões foram consistentes o suficiente para que ele decidisse ouvir a
secretária Roseana Meira. Alcântara não deu o mesmo tratamento às informações
sobre tráfico de armas e de drogas. Segundo ele, Evaristo não apresentou provas
materiais desses crimes nem indicou como elas poderiam ser obtidas.
Questionada sobre as denúncias, a
prefeitura de João Pessoa levou 48 horas para se manifestar. Só o fez depois
que as questões chegaram ao gabinete do prefeito, Luciano Agra (PSB). A
Secretaria de Saúde deu respostas contraditórias às denúncias formuladas por
Evaristo. Primeiro, afirmou em nota que aguarda o resultado das investigações
da PF para decidir se abre um inquérito próprio para investigar o
superfaturamento de plantões.
Depois, enviou outra comunicação afirmando que o processo interno está aberto.
A secretária Roseana Meira evitou atender a reportagem de ÉPOCA em seu gabinete
e em casa. Gilmore, que ofereceu transferência a Evaristo, disse desconhecer as
fraudes nos plantões. Indagado sobre o afastamento de José Leonardo Alves,
desligou o telefone.
O motorista Evaristo voltou a sua casa na região
metropolitana de João Pessoa. Sua família não. A mulher e os dois filhos dele
moram, agora, com parentes. Evaristo vive só e usa colete à prova de balas.
Quando precisa sair, pede que amigos policiais o acompanhem fardados e armados.
“Acho que vou morrer por causa disso. Quero entrar no programa de proteçãTIo a
testemunhas”, diz.
NOTA : BEM, A SAÚDE DOS PESSOENSES, INFELIZMENTE, VAI COMO NO RESTO DO PAÍS ! . . .
A CLASSE POLÍTICA, TEM TANTA NOÇÃO DA FORMA EM QUE DEIXOU E MANTÉM A SAÚDE PÚBLICA NESTE PAÍS, QUE AO MÍNIMO SINTOMA DE QUALQUER COISA MAIS SÉRIA, PARTE DE JATINHO PARA SÃO PAULO . . .
NESTE CASO, TEM A PALAVRA A PREFEITURA E GOVERNO (?) ESTADUAL, NO SENTIDO DE APURAR A VERACIDADE DE TUDO O QUE É REFERIDO NA ENTREVISTA, A PRENDER OS CULPADOS.
SERÃO CAPAZES ? . . .
DEPOIS DE OITO ANOS DE GOVERNO LULA, E DE MAIS ALGUNS ANOS DA GOVERNAÇÃO DE DILMA, QUAIS SÃO AS MELHORIAS NA SAÚDE PÚBLICA DO BRASIL ?
OS PLANOS DE SAÚDE CONTINUAM A CRESCER, A DAR BONS LUCROS AOS SEUS ACCIONISTAS E ADMINISTRADORES, E, PASME-SE, A PRESTAR UM PÉSSIMO SERVIÇO AOS SEUS UTENTES, E PIOR AINDA, EM ALGUNS CASOS, ACREDITEM, A SEREM FINANCIADOS PELO DINHEIRO PÚBLICO !
QUEM PÕE ORDEM NISTO, JÁ QUE PROGRESSO PARECE SER DIFICIL ? . . .
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