AS PALHAÇADAS DA POLÍTICA BRASILEIRA
VEJA
23-04-2013
Congresso
Vinde a mim os
eleitores: a força da bancada evangélica no Congresso. A confusão envolvendo o deputado-pastor Marco
Feliciano expôs a atuação dos parlamentares ligados a igrejas evangélicas. E
eles vieram para ficar
"O Senhor
disse que aqueles que querem viver piedosamente serão perseguidos. Estamos
vivendo um ensaio daquilo que ainda virá com mais intensidade contra os
cristãos". Com o colarinho
desabotoado, terno e gravata escuros e camisa branca, o pastor Henrique Afonso
(PV-AC) faz um alerta às pessoas que acompanham sua pregação na manhã da última
quarta-feira. O local: o plenário número dois das comissões da Câmara dos
Deputados. O público: oito deputados federais e trinta servidores do Congresso.
O culto ocorre semanalmente. Os
parlamentares-pastores fazem um rodízio. A cada semana, uma dupla divide a
direção do serviço e a pregação do dia. Na última quarta-feira, o sermão de
Henrique Afonso estava relacionado à tensão gerada pela eleição de Marco Feliciano
(PSC-SP), pastor da Assembleia de Deus, para a presidência da Comissão de
Direitos Humanos. O deputado enfrenta resistência por afirmar que a união de pessoas do mesmo sexo é condenável e dizer
que os africanos são vítimas de uma maldição dos tempos
bíblicos. O caso apontou os
holofotes para a atuação da bancada evangélica no parlamento. Em parte pelos
próprios defeitos, em parte pela incompreensão dos adversários políticos, esses
parlamentares têm ganhado espaço cada vez maior no debate político nacional. E
os sinais são de que eles vieram para ficar.
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Em Brasília,
chama a atenção a atuação organizada desse grupo de parlamentares que, apesar
de pertencerem a partidos diferentes, se articulam na defesa de suas bandeiras.
E elas costumam ser mais contra do
que a favor: contra a legalização do aborto, o casamento gay, a eutanásia e a
liberação das drogas. A favor, basicamente, da ampla liberdade religiosa. No
total, os evangélicos representam 14,2% dos deputados e 5% dos senadores.
A bancada
evangélica também não foge à regra do Congresso Nacional quando o assunto são
denúncias de corrupção. Dos 73
integrantes na Câmara, 23 respondem a processo no Supremo Tribunal Federal
(STF). Há acusados de corrupção, peculato (desvio praticado por servidor
público), crime eleitoral, uso de documento falso, lavagem de dinheiro e
estelionato. Há até um condenado a prisão que pode ir para a cadeia em breve: Natan
Donadon,
que tem pena de treze anos e quatro meses a cumprir. ...∕∕∕...
O deputado João Campos (PSDB-GO), pastor da
Assembleia de Deus e presidente da Frente Parlamentar Evangélica, reconhece que
os desvios éticos prejudicam a imagem dos parlamentares da frente: "Se
tiver um processo de corrupção, é claro que incomoda. A exposição negativa pode
prejudicar, mas acho que faz parte do processo". ...∕∕∕...
Além dos deputados, quatro senadores compõem o time
evangélico no Congresso. A maioria desses 77 parlamentares pertence à base da
presidente Dilma Rousseff.
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