ASSIM, TAMBÉM EU ERA UM MEGA - EMPRESÁRIO . . .
ESTADO DE S. APULO
25/04/2013‘Eike, emblema e indício’
DEMÉTRIO MAGNOLI
Eike Batista valia US$ 1,5 bilhão em 2005, US$ 6,6 bilhões em
2008, US$ 30 bilhões em 2011 e US$ 9,5 bilhões em março passado, depois de 12
meses em que seu patrimônio encolheu num ritmo médio de US$ 50 milhões por dia. Desconfie das publicações de negócios
quando se trata do perfil dos investimentos de grandes empresários. Apenas
cinco anos atrás uma influente revista de negócios narrou a saga de Eike sem
conectá-la uma única vez à sigla BNDES. Mas o ciclo de destruição implacável de
valor das ações do Grupo X acendeu uma faísca de jornalismo investigativo. Hoje o nome do empresário anda
regularmente junto às cinco letrinhas providenciais – e emergem até mesmo
reportagens que o conectam a outras quatro letrinhas milagrosas: Lula.
A história de Eike é, antes de tudo, um emblema do capitalismo de
Estado brasileiro. Durante o regime militar, Eliezer Batista circulou pelos
portões giratórios que interligavam as empresas mineradoras internacionais à
estatal Vale do Rio Doce. Duas décadas depois
seu filho se converteu no ícone de uma estratégia de modernização do
capitalismo de Estado que almeja produzir uma elite de megaempresários
associados à nova elite política lulista.
“O BNDES é o melhor banco do mundo”, proclamou Eike em 2010, no lançamento
das obras do Superporto Sudeste, da MMX. O projeto, orçado em R$ 1,8 bilhão,
acabava de receber financiamento de R$ 1,2 bilhão do banco público de
desenvolvimento, que também é sócio das empresas LLX, de logística, e MPX, de
energia. No ano seguinte o banco negociou com o empresário duas operações de
injeção de capital no valor de R$ 3,2 bilhões, aumentando em R$ 600 milhões sua
participação na MPX e abrindo uma linha de crédito de R$ 2,7 bilhões para as
obras do estaleiro da OSX, orçadas em pouco mais de R$ 3 bilhões, no Porto do
Açu, da LLX. Hoje o endividamento do Grupo X com o banco mais generoso do mundo
gira em torno de R$ 4,5 bilhões – algo como 23% do seu valor total de mercado.
“A natureza sempre foi generosa comigo”, explicou Eike. “As pessoas
ricas foram as que mais ganharam dinheiro no meu governo”, explicou Lula. A política, não a economia, a “natureza”
ou a sorte, inflou o balão do Grupo X. Dez anos atrás o BNDES não era “o melhor
banco do mundo”. Alcançou essa condição por meio de uma expansão assombrosa de
seu capital deflagrada no final do primeiro mandato de Lula da Silva. A mágica sustentou-se sobre o truque
prosaico da transferência de recursos do Tesouro Nacional para o BNDES. O
dinheiro ilimitado que irrigou o Grupo X e impulsionou uma bolha de
expectativas desmesuradas no mercado acionário é, num sentido brutalmente
literal, seu, meu, nosso, dos filhos de todos nós e das crianças que ainda não
nasceram, mas pagarão a conta da dívida pública gerada pela aventura do
empresário emblemático.
Eike é emblema, mas também indício. A saga da célere ascensão e do
ainda mais rápido declínio do Grupo X contém uma profusão de pistas, ainda não
exploradas, das relações perigosas entre o círculo interno do lulismo e o mundo
dos altos negócios.
Na condição de “consultor privado”, em julho de 2006 o ex-ministro
José Dirceu viajou à Bolívia, num jatinho da MMX, exatamente quando o governo
de Evo Morales recusava licença de operação à siderúrgica de Eike. Nos
anos seguintes, impulsionado por um fluxo torrencial de dinheiro do BNDES, o
Grupo X atravessou as corredeiras da fortuna. Durante a travessia, em 2009 o
empresário contou com o beneplácito de Lula para uma tentativa frustrada de
adquirir o controle da Vale, pela compra a preço de oportunidade da
participação acionária dos fundos de pensão, do BNDES e do Bradesco na antiga
estatal. Naquele mesmo ano o fracasso de bilheteria Lula, o Filho do Brasil,
produzido com orçamento recordista, contou com o aporte de R$ 1 milhão do
empreendedor X.
A parceria entre os dois “filhos do
Brasil” não foi abalada pela reversão do movimento da roda da fortuna. Em
janeiro passado, a bordo do jato do virtuoso empresário, Eike e o ex-presidente
visitaram o Porto do Açu. O tema do encontro teria sido um plano de transferência
para o Açu de um investimento de R$ 500 milhões de um estaleiro que uma empresa
de Cingapura ergue no Espírito Santo. Em março, depois que Lula lhe recomendou
prestar maior atenção às demandas dos empresários, Dilma Rousseff reuniu-se com 28 megaempresários, entre eles o
inefável X. Dias depois, numa reunião menor, a presidente e um representante do
BNDES se teriam sentado à mesa com Eike e seus credores privados do Itaú,
Bradesco e BTG-Pactual.
Equilibrando-se à beira do abismo, o
Grupo X explora diferentes hipóteses de resgate. O BNDES, opção preferencial, concedeu um novo financiamento, de R$
935 milhões, à MMX e analisa uma solicitação da OSX, de créditos para a
construção de uma plataforma de petróleo. Entrementes, diante da deterioração
financeira do “melhor banco do mundo”, emergem opções alternativas. No cenário
mais provável, o Porto do Açu seria resgatado por uma série de iniciativas da
Petrobrás e da Empresa de Planejamento e Logística. A primeira converteria a
imensa estrutura portuária sem demanda em base para a produção de petróleo na
Bacia de Campos. A segunda esculpiria um pacote de licitações de modo a ligar o
porto fincado no meio do nada à malha ferroviária nacional, assumindo os riscos
financeiros da operação.
No registro do emblema, a vasta mobilização de empresas estatais e
recursos públicos para salvar o Grupo X pode ser justificada em nome da “imagem
do País no exterior”, como sugere candidamente o governo, ou da proteção da imagem do próprio
governo e de seu modelo de capitalismo de Estado, como interpretam as raras
vozes críticas. No registro do
indício, porém, o resgate em curso solicitaria investigações de outra ordem e
de amplas implicações – que, por isso mesmo, não serão feitas.
NOTA : COMO SERIA BOM, VER TUDO ISTO DESMENTIDO COM PROVAS SÉRIAS E IRREFUTÁVEIS !
EM MAIS UMA NEGOCIATA COM MUITOS MILHÕES, LÁ ESTÁ ELE, LULA !
COMO MUITO BEM DIZ O ARTIGO, " O RESGATE EM CURSO SOLICITARIA INVESTIGAÇÕES DE OUTRA ORDEM E DE AMPLAS IMPLICAÇÕES - QUE POR ISSO MESMO, NÃO SERÃO FEITAS " .
PORQUE SERÁ ?
QUEM IRIAM ENCONTRAR COM A MÃO NA MASSA ?
PODE SER QUE UM DIA SE SAIBA ! . . .
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