domingo, 4 de novembro de 2007

PARA QUÊ, MISTURAR AS COISAS ?

O DIA - 04/11/2007

Caveiras de Cristo
unidos pela oração
Inaugurado na sede
do Bope, templo evangélico
reúne cerca de 50 policiais
da unidade que se revezam
entre o fuzil e a Bíblia
Christina Nascimento

Era uma operação no Complexo do Alemão, Zona Norte. Acuados no beco, quatro garotos armados. Os mesmos que, minutos antes, se esgueiravam pelas vielas empinando fuzis e fugindo dos estilhaços das granadas que lançavam no Caveirão. Cabia ao experiente soldado M., 37 anos, do Batalhão de Operações Especiais (Bope), o direito à primeira rajada. Calado, M. sinalizou, cedeu a vez a um colega e assistiu às mortes.
O testemunho ainda emociona o soldado. Passados quatro meses do episódio, ele é um dos quase 50 membros dos Caveiras de Cristo. Homens de preto, integrantes da tropa de elite da PM, evangélicos, que se reúnem todos os dias no terceiro andar da unidade para uma missão: orar. “Sempre fui sombrio, sinistro. Atirar em alguém era como pegar uma barata e pisar. Naquele dia, no Alemão, cheguei ao Bope, guardei meu armamento, tomei meu banho e fui para casa chorando. A imagem dos garotos não saía da minha cabeça. Estava incomodado. Como Deus dá vida e eu tiro a vida? Precisava mudar”, conta o soldado.
Os cultos dos caveiras não diferem do usual: leituras bíblicas, testemunhos, clamações de “amém” e até banda de louvor. Sentados lado a lado, os homens de preto oram, dão as mãos e profetizam dias mais calmos para a guerra urbana. “Vivemos uma luta do bem contra o mal. E o bem vai vencer. Eu me considero um soldado do Senhor. Acredito que só Jesus Cristo salva”, afirma o comandante do Bope, coronel Pinheiro Neto, no culto de inauguração do espaço físico da congregação, na quarta -feira.
Batizado na igreja católica e, recentemente, na condição de ‘aspirante’ a evangélico, o oficial teve papel fundamental, dando aval para que a sala de oração fosse construída. A congregação fica num andar conhecido como Vale dos Ossos — apelidado por causa dos esqueletos das construções.
É a última sala do corredor. Ao entrar, os policiais se deparam com um painel com pintura de nuvens. A obra, de um dos colegas de farda, tem a citação bíblica “Crê no Senhor Jesus e serás salvo tu e tua casa” (Atos 16:31). “Deus tem uma maneira de chamar todo mundo”, relata o terceiro-sargento Valmir de Souza Silva, 33.
Curiosamente, o mentor da sede evangélica, o policial reformado Joaquim Thomé, 60, foi reprovado no primeiro teste que fez para o Bope, em 1990. Além de ser caveira, ele sonhava em criar a congregação. Quatro anos depois, acabou transferido para a unidade. “Talvez, se tivesse sido aprovado logo, não teria me engajado tanto no evangelismo.”
Trocar o fuzil pela Bíblia e pregar para quem, no dia-a-dia, é alvo. Empenhado no que considera uma missão de vida, o sargento Valmir dos Santos, 42 anos, acredita que é possível conciliar atividades tão complexas e diferentes. Pastor há 13 anos, ele busca nos ensinamento do Evangelho a resposta para o que parece incompatível. “Na lei de Deus, você vai encontrar situações em que os servos tiveram que fazer uso de armamentos. Davi matou o gigante Golias e não foi condenado por isso. Muitas vezes, o PM é mal interpretado”, explica ele, citando a passagem do livro Samuel.
Para a antropóloga Elizabete Ribeiro Albernaz, 29, que faz tese de mestrado sobre o Movimento Evangélico na Polícia Militar, as pregações nos cultos do Bope são pontuadas por termos que reproduzem o contexto de violência no qual estão submetidos os policiais.
“Confesso que fiquei espantada com o fato de eles terem esse movimento. É uma tropa que está envolvida com armamento mais pesado, cenário truculento. Nas orações, percebi que a palavra guerra é muito citada. O Evangelho acaba suprindo a carência de quem é exposto ao contexto de conflito”, analisa ela, que, para pesquisa, já entrevistou 40 PMs de vários batalhões.


NOTA : É EXTREMAMENTE PERIGOSO, PARA TODOS, A MISTURA DE, RAZÃO, COM EMOÇÃO, E SOBRETUDO COM RELIGIOSIDADE À MISTURA . . .

ISSO NÃO VAI DAR CERTO ! . . . COM A INTOLERÂNCIA, ( OU FANATISMO ), QUE SÃO APANÁGIO DAS SEITAS EVANGÉLICAS, NÃO SE AUGURA NADA DE BOM...
IMAGINEMOS QUE SE CRIA TAMBÉM UM GRUPO DE CAVEIRAS CATÓLICOS, DEPOIS UMBANDISTAS, BUDISTAS, JUDEUS, ETC; A POLÍCIA, VAI TER QUE ARRANJAR LUGAR DE CULTO PARA TODOS, E OS QUARTÉIS ARRISCAM-SE A TRANSFORMAR-SE EM LUGARES DE CULTO ECUMÉNICOS . . .
NO BRASIL TAMBEM, ARRANJA-SE CADA TEMA PARA TESE DE MESTRADO . . .

Um comentário:

  1. No Brasil a liberdade de culto, crença é garantida na constituição. Então eles podem e se assim acharem deve ter seu lugar de adoração e seu direito garantido

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