A DELAÇÃO PREMIADA, É UM PERIGO ! . . .
“ ÉPOCA “
16/03/2012
O bicheiro que assusta os
políticos
Por que Carlinhos Cachoeira atemoriza hoje todo o
espectro partidário – do DEM ao PT
MURILO
RAMOS E ANDREI MEIRELES. COM MARCELO ROCHA
O bicheiro goiano
Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, tornou-se conhecido
nacionalmente como um dos protagonistas do primeiro grande escândalo da era do
PT no governo federal, revelado por ÉPOCA em 2004. Dois anos antes, Cachoeira
negociara com Waldomiro Diniz, assessor do então deputado José Dirceu (chefe da
Casa Civil do governo Lula), contribuições para campanhas políticas de
candidatos do PT nas eleições em 2002, como Benedita da Silva, no Rio de
Janeiro, e Geraldo Magela, no Distrito Federal. Também fizera gravações em
vídeo das negociações. Com a chegada do PT ao Palácio do Planalto, Cachoeira
passara a cobrar uma retribuição na forma de um contrato na área de loterias
com a Caixa Econômica Federal, não fora atendido e resolvera dar o troco:
forneceu suas informações sobre o caixa dois petista ao Ministério Público
Federal. Depois do caso Waldomiro, Cachoeira submergiu e passou a dizer que se
afastara do ramo de jogos para se dedicar exclusivamente a negócios na área
farmacêutica. Há três semanas, descobriu-se que Cachoeira continuou na
ilegalidade e ativo como nunca. Ele foi preso durante a Operação Monte Carlo,
deflagrada pela Polícia Federal (PF), como o líder de uma quadrilha que operava
máquinas caça-níqueis em Brasília e em Goiás.
No momento,
Cachoeira passa seus dias no presídio federal de segurança máxima de Mossoró,
Rio Grande do Norte, e negocia um acordo de delação premiada com o Ministério Público
Federal para reduzir sua provavelmente extensa pena. É uma perspectiva que
assusta gente de todo o espectro político, por causa das conexões de Cachoeira
com vários partidos. Sua prisão já causou abalos à reputação de alguns
políticos de primeiro escalão, como o líder do DEM no Senado, Demóstenes Torres
(GO). Ao grampear Cachoeira, a PF descobriu que ele mantinha conversas
telefônicas regulares com Demóstenes, um promotor de carreira que se tornou um
dos parlamentares campeões de projetos na área de segurança pública e ficou
conhecido como um dos mais ferrenhos críticos do PT no governo. Depois da
revelação das conversas com Cachoeira, Demóstenes admitiu uma relação de
amizade com o bicheiro, de quem recebera uma geladeira e um fogão importados,
mas negou saber que ele continuasse na contravenção. Demóstenes disse também
que só conversava “trivialidades” com Cachoeira.
A proximidade
incomum de Demóstenes, ex-secretário de Segurança Pública de Goiás, com um
bicheiro se tornou mais esquisita ainda depois que
epoca.com.br revelou que ele ganhou de Cachoeira um rádio Nextel, habilitado em Miami, para que os dois pudessem conversar diretamente. Demóstenes usava um dos 15 aparelhos cedidos por Cachoeira a pessoas de sua confiança. Cachoeira foi orientado por um policial federal, que integrava a quadrilha, a habilitar os aparelhos nos Estados Unidos. Ele acreditava que, assim, os aparelhos estariam imunes a grampos legais e ilegais – uma ideia que se mostrou equivocada, conforme revelaram as investigações da PF. O advogado de Demóstenes, Antônio Carlos de Almeida Castro, diz que não há ilegalidade no fato. Nem os colegas mais próximos de Demóstenes tentam atenuar a gravidade do problema. “O fato de o Demóstenes ter recebido o aparelho de rádio do Cachoeira não é normal nem razoável. É grave. Disse isso a ele”, afirmou o senador Pedro Taques (PDT-MT).
epoca.com.br revelou que ele ganhou de Cachoeira um rádio Nextel, habilitado em Miami, para que os dois pudessem conversar diretamente. Demóstenes usava um dos 15 aparelhos cedidos por Cachoeira a pessoas de sua confiança. Cachoeira foi orientado por um policial federal, que integrava a quadrilha, a habilitar os aparelhos nos Estados Unidos. Ele acreditava que, assim, os aparelhos estariam imunes a grampos legais e ilegais – uma ideia que se mostrou equivocada, conforme revelaram as investigações da PF. O advogado de Demóstenes, Antônio Carlos de Almeida Castro, diz que não há ilegalidade no fato. Nem os colegas mais próximos de Demóstenes tentam atenuar a gravidade do problema. “O fato de o Demóstenes ter recebido o aparelho de rádio do Cachoeira não é normal nem razoável. É grave. Disse isso a ele”, afirmou o senador Pedro Taques (PDT-MT).
Por Demóstenes
ser um crítico severo dos petistas, a lógica seria que ele passasse a ser uma
presa tão fácil para o PT quanto um peixe ferido, a 2 metros de um tubarão
faminto. Mas, no oceano do Congresso, o tubarão petista virou vegetariano. Logo
após a revelação dos presentes da geladeira e do fogão, Demóstenes subiu à
tribuna do Senado para dar suas explicações. Os 43 senadores que o apartearam
lhe prestaram solidariedade e apoio. Os petistas não apenas silenciaram nas
críticas. Quatro deles – Eduardo Suplicy (SP), Paulo Paim (RS), Jorge Viana
(AC) e Marta Suplicy (SP) – tomaram o microfone para defender Demóstenes. Uma
semana depois, quando o caso do Nextel foi revelado, o ex-deputado Luiz Eduardo
Greenhalgh (PT-SP) se manifestou no Twitter. “Como é que ficam agora os
senadores, inclusive do PT, que se solidarizaram ao Demóstenes? Peçam desculpas
ao Brasil”, disse Greenhalgh. No caso de Demóstenes, a benevolência do PT
parece traduzir um agudo instinto de proteção. Depois da prisão de Cachoeira,
tornou-se público um vídeo em que ele promete contribuição, via caixa dois,
para a campanha a prefeito de Anápolis, Goiás, em 2004, do deputado federal
Rubens Otoni (PT-GO).
Só na sexta-feira
16, depois da cobrança de Greenhalgh, o líder do PT no Senado, Walter Pinheiro
(BA), disse que o partido entraria com uma representação na Procuradoria-Geral
da República, para solicitar investigação sobre a participação de parlamentares
no escândalo dos caça-níqueis. O silêncio constrangido sobre o caso Cachoeira
continuava em outros partidos. O bicheiro é um assunto delicado também para
outras grandes legendas, como o PMDB e o PSDB. O ex-governador de Goiás Maguito
Vilela, do PMDB, foi padrinho de casamento de Cachoeira e deu a ele durante sua
gestão, entre 1995 e 1998, a concessão da exploração da loteria de Goiás. Na
ocasião, Cachoeira tentava dar uma fachada legal aos negócios de sua família,
historicamente ligada ao jogo em Goiás. O pai de Carlinhos, Sebastião
Cachoeira, era ligado ao lendário bicheiro carioca Castor de Andrade.
A Operação Monte
Carlo mostrou que as ligações de Cachoeira com autoridades do governo de Goiás,
hoje dirigido pelo tucano Marconi Perillo, continuam fortes. Em setembro do ano
passado, um delegado da Polícia Civil de Goiás, Alexandre Lourenço, concluiu um
relatório de quase 500 páginas com endereços e nomes de integrantes da
quadrilha que explorava jogos ilegais em Goiás. Lourenço entregou seu relatório
ao então diretor-geral da polícia, delegado Edemundo Dias. O próximo passo
seria solicitar à Justiça a quebra de sigilos telefônicos para chegar aos
principais integrantes. Cachoeira seria, obviamente, o primeiro atingido pela
investigação. Mas isso não ocorreu – Lourenço foi afastado do caso pelo
delegado Dias, que também é tesoureiro do PSDB goiano, e a investigação foi
interrompida. A PF também captou uma conversa telefônica em que Cachoeira pede
ao ex-presidente da Câmara Municipal de Goiânia Wladmir Garcez (PSDB), que fale
com Dias sobre operações da Polícia Civil para combater jogos ilegais no
entorno do Distrito Federal. O delegado Dias confirmou a ÉPOCA que foi
procurado por Garcez. “Talvez ele tenha ido lá fazer uma sondagem (sobre operações)”, disse Dias. “Só que
não houve abertura da minha parte.” Dias, hoje presidente da Agência Prisional
de Goiás, afirmou que removeu o delegado Alexandre Lourenço por necessidades de
remanejamento de pessoal.
De acordo com a
Polícia Federal, o ex-vereador Garcez intermediava os contatos entre Carlinhos
Cachoeira e o governador Perillo. A PF apurou que Garcez trocava torpedos com
Perillo e está no centro de uma daquelas transações imobiliárias rocambolescas
que só costumam acontecer no mundo da política. Trata-se da casa onde Cachoeira
morava, num condomínio de luxo em Goiânia, quando foi preso pelos agentes da
PF. Cachoeira mudou-se para lá em janeiro de 2011, quando Perillo, o antigo
proprietário, assumiu o governo de Goiás e vendeu o imóvel. Em entrevista ao
jornal O Popular, de Goiânia,
Perillo afirma que pensava ter vendido a casa para Garcez e que só descobriu o
nome do verdadeiro comprador – um empresário chamado Walter Paulo Santiago –
quando a escritura foi passada. Santiago disse ter emprestado a casa de graça a
Garcez, que, por sua vez, deixou Cachoeira morar lá – também de graça. Tanto
Perillo quanto o empresário Santiago dizem que não sabiam que Cachoeira morava
lá.
Apesar do mutismo de PT, DEM e PSDB,
há um movimento na Câmara dos Deputados para instalar uma CPI do Caso
Cachoeira. Isso – e sobretudo a ameaça de Cachoeira de falar o que sabe ao MPF
– está tirando o sono de muitos políticos em Goiânia e Brasília.
NOTA : ESTA HISTÓRIA DA DELAÇÃO PREMIADA É UMA INJUSTIÇA !
AS IMPOLUTAS FIGURAS QUE SE SENTAM EM BRASÍLIA , DEVEM ESTAR NESTE MOMENTO COM OS CABELOS EM PÉ !
ESTE CACHOEIRA - PARA QUEM NÃO SE LEMBRAR - FOI O AUTOR DO PRIMEIRO ESCÂNDALO DO GOVERNO LULA !
ESTE FOI O TAL QUE NEGOCIOU COM WALDOMIRO, QUE ERA ASSESSOR DE JOSÉ DIRCEU ( SEMPRE ELES... ), CONTRIBUIÇÕES PARA A CAMPANHA DO PT !
DEPOIS DESTES ESCÂNDALOS TODOS E PARA SE TER UMA NOÇÃO DE COMO A JUSTIÇA E A IMPUNIDADE FUNCIONAM NESTE PAÍS, QUESTIONEM-SE, QUANTOS INTÉRPRETES DE ESCÂNDALOS, QUE SÓ NO GOVERNO DE DILMA JÁ CAUSOU A QUEDA DE SEIS MINISTROS, SE ALGUÉM ESTÁ PRESO ?
CONHECEM ALGUM ? . . .
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