domingo, 1 de julho de 2007

CURRICULAS PARLAMENTARES - DEPOIS, PERCEBE-SE MUITA COISA . . .

Denúncia leva a nova investigação
de homicídio no STF,
que já tinha quatro casos
envolvendo deputados
Angélica Santa Cruz - ESTADO DE S. PAULO

Na tarde de sexta-feira, o deputado Carlos Willian de Souza (PTC-MG) saiu da casa onde mora com a mulher e os três filhos, em Belo Horizonte, olhou para os dois lados - “só por precaução”, como definiu - e subiu no telhado para instalar um sistema de segurança com alarmes e cercas elétricas. “Deus é meu grande protetor, mas não custa me prevenir mais um pouco. Se nem no Congresso a gente pode mais andar sossegado...”, explicou.Na semana em que o Senado ainda era dominado pela crise institucional causada pelas suspeitas que rondam seu presidente, Renan Calheiros (PMDB-AL), a Câmara foi tomada pela repercussão da denúncia de uma tentativa de homicídio entre seus pares. Segundo a Polícia Civil de São Paulo, Carlos Willian escapou da mira de um pistoleiro contratado por outro deputado, Mário de Oliveira (PSC-MG) - e só se livrou da morte por encomenda porque fugiu de sua rotina ao se juntar a uma comitiva de parlamentares para pegar carona no avião do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que voltava de uma solenidade em Belo Horizonte.Mário de Oliveira foi eleito com 77. 719 votos, está no sexto mandato como deputado e é presidente da Igreja do Evangelho Quadrangular, uma das maiores denominações pentecostais do País, com 7.556 templos, 2. 900 ministros e 1,6 milhão de fiéis. Seu nome apareceu por acaso em escutas feitas pela polícia. Em um diálogo, um funcionário da igreja, Odair da Silva, contratava um matador chamado Alemão e dizia que o mandante do crime era “Mário de Oliveira”. Com o negócio fechado por R$ 150 mil, o pistoleiro disse que seguiria Willian até o aeroporto e concluiu: “Na estrada eu emborracho ele.”Ao longo da semana, o assunto dominou a Câmara. Na noite de terça-feira, o presidente da Casa, Arlindo Chinaglia (PT-SP), foi aplaudido depois de interromper um duelo de discursos entre Willian e Oliveira - que aproveitaram o plenário cheio por conta dos debates da reforma política para contar suas versões do caso de pistolagem.Chacoalhando documentos policiais, Willian denunciou o “plano sórdido” para matá-lo. “Tem anotações do meu endereço! Das placas dos meus carros! E gravações em que o deputado Mário de Oliveira pede garantias de que o serviço seja feito!”Logo depois, Oliveira discursou. Disse que foi vítima de uma armação, garantiu que é um homem pacato e arrematou: “Não mato nem um passarinho!”Quando saiu do plenário e andou em direção ao seu gabinete, Oliveira ouviu de um funcionário da Casa: “O pastor matador está passando!” Olhou de volta para o autor do comentário e seguiu em frente. Atrás dele, um de seus assessores respondeu: “Mas as pessoas não respeitam mais nem os deputados?”A rixa entre Carlos Willian e Mário de Oliveira começou em 2002. Ex-assessor do presidente da Quadrangular, Willian foi o deputado mais votado entre os candidatos da igreja - mas recebeu ordem para renunciar e dar a vaga ao suplente. Ele se recusou a abrir mão do cargo e foi expulso da Quadrangular. Nas eleições de 2006, foi eleito outra vez, com 35.681 votos. E diz que foi xingado por Oliveira já no dia da posse.A Câmara criou comissão de sindicância com cinco integrantes para apurar as denúncias. O caso se transformou no inquérito de número 2.567 no Supremo Tribunal Federal (STF). Os deputados evitam se encontrar. Antes de embarcar no vôo para Belo Horizonte, na manhã de quinta, pediram que assessores checassem se o outro não estaria no mesmo avião.“Espero que as investigações cheguem a algum lugar, porque agora eu tenho medo até de sair de casa. Só escapei desse homem pela vontade de Deus”, queixa-se Willian.Levantamento feito pelo Estado no STF mostra que há quatro deputados da atual legislatura citados em processos por homicídio - e em nenhum deles se pode dizer que houve a intenção expressa de matar alguém.Gervásio Silva (DEM-SC) foi indiciado por homicídio culposo. Em julho do ano passado, ele atropelou a garota Samara Roberto Narciso, de 13 anos, na rodovia BR-282. “Eu vinha dirigindo e só a vi quando ela já estava na frente do carro. Ainda freei, mas não deu tempo”, disse ele. O deputado forneceu laudos periciais e relatórios policiais sobre o caso que mostram que a menina tentou atravessar a rodovia à noite, a 15 metros da passarela. “A próxima audiência está marcada para amanhã e espero que o caso seja julgado logo.”O deputado Clóvis Fecury (DEM-MA) aparece como indiciado por uma morte em 2004. De acordo com ele, um dos motoristas de sua empresa, Arnaldo Araújo Figueiredo, atropelou um pedestre. “Ele confessou que estava sozinho e foi reconhecido por testemunhas. Mas todos os diretores da empresa foram ouvidos e levados para reconhecimento. O caso foi muito usado politicamente nas últimas eleições”, afirmou o parlamentar.Airton Roveda (PR-PR) também foi acusado por homicídio. Ele afirma que foi responsabilizado pelo acidente de trabalho de um dos cem funcionários de sua empresa, a mineradora GR Extração de Areia.“Ele morreu em um rio e fui responsabilizado por ser dono da empresa. Meu sócio já foi absolvido, mas meu nome continua lá porque tenho foro privilegiado e o STF ainda não apreciou o caso.”O nome do deputado Ernandes Amorim (PTB-RO) consta como indiciado nos arquivos do STF e do Tribunal de Justiça de Rondônia em um caso já arquivado, de 1996. “Fui apenas testemunha nesse processo”, diz. O advogado do deputado, Erasto Villa Verde, explica que o processo foi arquivado ainda em fase de inquérito - mesmo assim, alguns jornais divulgaram que Amorim respondia por homicídio. “Processamos esses veículos e ganhamos ”, conta. O deputado confirma um antigo processo a que respondeu, por lesão corporal. “Isso aí é verdade! Tinha um radialista que vivia me incomodando, fui lá dar uns tapas nele e a gente brigou!”O deputado Ronaldo Cunha Lima (PSDB-PB) aparece como réu em um processo de tentativa de homicídio. Em dezembro de 1993, quando era governador da Paraíba, ele disparou dois tiros no inimigo político Tarcísio Burity.Nenhum antecedente de violência entre integrantes do Congresso, no entanto, ultrapassa em voltagem o caso do senador Arnon de Mello, pai do ex-presidente Fernando Collor. Em 1963, ele entrou no plenário armado para atirar contra o inimigo político Silvestre Péricles - mas acabou matando o senador José Kayrala.
NOTA : DEPOIS DE SE LER ESTE ARTIGO, COMEÇA-SE A PERCEBER MUITA COISA DA VIDA PARLAMENTAR. AQUI HÁ UNS DIAS, ESCREVI NESTE BLOG, QUE MUITA GENTE EM BRASILIA SE FAZIA ELEGER, PARA NÃO PERDER A IMUNUDADE, E NÃO TER QUE SER JULGADO, SOBRE CRIMES GRAVES DE QUE É ACUSADO.

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